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Município de Santa Cecília

 

Tanto o município quanto a Paróquia recebem o mesmo nome: Santa Cecília. O município está situado na área dos chamados Campos Gerais de Curitiba, e há registros de sua existência desde os distantes anos de 1771 quando foi criado o posto de coleta de impostos na área que hoje é conhecida “Coletoria do Rio Correntes” ou atual “Coletoria Velha”, há relatos da passagem de tropeiros pelo local já desde 1732. Em 1855 o atual povoamento se chamava Pousinho, e depois Povinho, com cerca de 10 moradores. Este início pouco promissor recebeu entre 1840 e 1875 o afluxo de famílias de imigrantes de origem alemã, que vieram de Rio Negro e Mafra (famílias Goetten, Granemann, Arbegaus, Rauen e Hau, pouco depois os Drissen).

 

Desde os idos de 1732, o local era informalmente chamado de CORISCO, mas esta nunca fora uma denominação oficial. CORISCO é a designação de raios para os indígenas, pois havia alta incidência de relâmpagos e raios na área onde hoje é Santa Cecília. Fato marcante na história da comuna foi

que um raio atingiu a 1ª Capela do povoado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1891, por um decreto de nº 49 o Povoado do Corisco foi transformado no Distrito de Paz de Santa Cecília do Rio Correntes que mudou novamente em 1938 por decreto de lei estadual para “Vila de Santa Cecília”. Em 21 de junho de 1958, a lei Estadual 348 criou o município de Santa Cecília, emancipada totalmente de Curitibanos e com o Sr. Antonio Granemann de Souza como prefeito provisório, que foi substituído por Orestio José de Souza em 1960.

 

Criação da Paróquia

 

Santa Cecília sempre teve forte ligação com a religiosidade, desde que seus primeiros habitantes aqui chegaram. No início do século XX a própria população levantou, por seus esforços, umas pequena Igreja, que serivu por muitos anos sua população.

 

A história da criação do  próprio município se confunde com a instalação da Paróquia de Santa Cecília.

Santa Cecília pertencia à Paróquia Imaculada Conceição, de Curitibanos – Diocese de Lages, sob a direção dos Revmos. Srs. Padres Franciscanos, que, por tantos anos, com dedicação e sacrifícios, assistiram a estes fiéis, com visitas regulares, mas que demoravam um bom tempo, e que eram motivo de grande festa. Segundo relato de populares, a visita de um padre na época em que não havia Paróquia era motivo de verdadeira festa e comoção. Era o acontecimento. 

No dia 18 de Março do ano de 1959, menos de um ano após a emancipação do município, Dom Daniel Hostin, OFM, Bispo Diocesano de Lages, por Decreto criou a Paróquia de Santa Cecília.

 

Parte do Decreto assim dizia: “… façamos saber que, atendendo às necessidades de nossos amados diocesanos do município de Santa Cecília, depois de termos ouvido os Nossos Consultores Diocesanos e demais partes interessadas, usando de nossa jurisdição ordinária: Havemos por bem criar, como pelo presente nosso Decreto, criamos a Paróquia de Santa Cecília, de acordo com o Cânon 454 § 3º, do Código de Direito Canônico. A Paróquia de Santa Cecília, desmembrada da Paróquia da Imaculada Conceição de Curitibanos, abrangerá todo o território do atual Município do mesmo nome”. 

 

Este Decreto foi lido nas missas de 7 horas e às 9h 30min do dia 29 de março de 1959, domingo de Páscoa, e causou verdadeira alegria ao povo de Santa Cecília. O povo desejava agora um Padre que viesse residir no local.

O recém instalado município de Santa Cecília tinha sido elevado a tal condição pela expansão da atividade madeireira, que acabou por ser, setor responsável pela instalação da nossa Paróquia. A família Bonet que atuava em Santa Cecília, no setor madeireiro, desde a década de 1940, tinha um escritório administrativo de suas atividades, na cidade de Curitiba, mais precisamente na Rua Porto Alegre, no bairro do Cabral, que era assistido pelos padres da Congregação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo - Passionistas, os quais tinha boa relação com a família Bonet.                                                                                     

A partir desta ligação e colaboração mútua, os irmãos Hermes, Nelson e Jovelino Bonet, em diálogo com o Pe. Rafael Busato, perceberam que a Congregação Passionista demonstrava interesse em ter uma instalação intermediária entre as cidades de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Santa Cecília, por sua boa localização, era uma ótima opção. Com a visita à Santa Cecília do Provincial Pe. Rafael Busato, se deflagrou, por parte da família Bonet, alguns colaboradores e outras pessoas da comunidade, o oferecimento das condições necessárias para que a Congregação fosse instalada em Santa Cecília, o que se efetivou com a compra de doação de um terreno para sua instalação.

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O Pe. Rafael, juntamente com o Pe. Francisco foram até Lages para conversar com Dom Daniel Hostin sobre a instalação da paróquia, e receberam como resposta: "Foi Deus que mandou vocês aqui.

 

Faz tempo que estou pensando em Santa Cecília, mas não sabia onde encontrar padres para lá. Sejam muito bem vindos. 

Os Padres Passionistas, por decreto do capítulo Provincial, realizado no mês de outubro de 1958, em São Paulo, autorizaram a nova Cúria Provincial a construir no Estado de Santa Catarina um Retiro a servir de Noviciado, visto que o atual Noviciado, localizado na cidade de Colombo, Paraná, não reunia todos os requisitos necessários para uma casa de formação segundo o espírito da Congregação fundada por São Paulo da Cruz.

Posse do 1º Vigário Paroquial

 

No dia 6 de setembro de 1959 realizou-se em Santa Cecília a posse de seu primeiro Vigário, na pessoa do Revmo. Pe. Martinho Lovera, Passionista.

 

O povo de Santa Cecília recebeu com o coração agradecido a vosso primeiro Pároco, aquele que Deus enviou para conduzir-vos pelo caminho da verdade à vossa eterna Salvação.

 

Mas as obras de Deus devem sofrer o zelo das contradições e das dificuldades. Chuvas contínuas impediram a comissão organizadora da festa de posse do Vigário de sair para colher prendas. Mas a boa vontade da comissão, coadjuvada pelas senhoras e jovens abnegadas, tudo arrumaram a contento de todos.

 

Finalmente, Pe. Martinho adoeceu gravemente em Caxias do Sul, não podendo seguir para Santa Cecília, quem trouxe a notícia foi um colega seu Pe. Idelfonso Scchi também da Congregação dos Padres Passionistas, que o veio representar no dia da posse.

A primeira Visita Canônica aconteceu de 20 a 27 de Março de 1960. Os núcleos mais importantes eram: Ubatã, Coletoria Velha, Areião, Goularte, Serraria do melo, Timbó Grande, Serraria Cararo, Vaca Branca, Boi Preto, Vargem Grande, Serraria do Cirilo Granemann e Rio Bonito.

 

A Primeira festa da Padroeira da paróquia no dia 22 de Novembro de 1960 rendeu com o grandioso leilão de 38 bois de ano.

 

Desde então, a atividade da Paróquia, pela união de esforços entre os religiosos e a comunidade, tem sido de importância fundamental na construção da história da cidade de Santa Cecília.   

 

 A chegada da Imagem da Padroeira

 

A primeira imagem de Santa Cecília no local era uma imagem pequena, que chegou entre 1875 e 1891 esta era para um túmulo de duas moças que tinham sido mortas no Campo Alto por índios Xocléns. Esta estatueta que fora dada pela mãe das moças, desapareceu do cemitério.

A ideia de adoção de um padroeiro já estava presente.

A segunda imagem era de madeira, tinha a posição sentada, como mãos postas acima dos joelhos. Essa imagem era entalhada como se fosse calçada de tamanquinhos. Foi entalhado por um marceneiro de fora da localidade, de nome Schimitz. Parte desta imagem se queimou por ocasião do corisco que atingiu e queimou a Igrejinha ou Capela que guarnecia a imagem.

 A terceira imagem de Santa Cecília foi a imagem de gesso doado por Manoela Martins de Almeida Haas. Essa imagem veio de Mafra e foi conduzida por dois tropeiros que trouxeram em um cargueiro (lombo de burro) até a serra do espigão. O caminho era precário e perigoso de assaltos, ataques indígenas e até de animais ferozes. Algumas pessoas de Santa Cecília foram encontrar a imagem.

Na chegada a imagem foi recebida com muita festa destacando-se a recepção das moças da época com cuidados especiais na procissão festiva até a Igreja. A imagem fora cultuada com muita devoção e respeitoso carinho, enquanto estava na primeira sede da Igreja do local, que era de madeira, e ficava ao lado da Matriz atual. Quando a Igreja de madeira foi substituída pela segunda, de alvenaria, a imagem que estava sobre o altar daquela foi quebrada, na época da pintura da nova igreja. Consta que foram os pintores que a quebraram. A imagem quebrada foi substituída por outra, também de gesso.

 

A saga da imagem quebrada

 

A Imagem ficou muito quebrada. A cabeça separou do corpo, partiu o lado esquerdo e perdeu o olho (olho de cristal estrangeiro, que já não se encontrava no comércio) partiu as costas, o pescoço, o alto da cabeça, as mãos e a partitura musical que tinha nas mãos.

A Paróquia não tinha o que fazer e guardou-a num depósito. Depois, a imagem foi dada ao Sr. Moacir Auversvald, que estava organizando um museu. Este senhor, em 1970, foi morar em Curitiba, e, no momento da mudança, a embalagem com a Santa quebrada não entrou no transporte, então, o Sr. Moacir, entregou a imagem ao Sr. Érius José Gaudêncio, que lhe comprara a casa em que residia.

 

Em 1975 o Sr. Érius mudou-se para o Norte do Paraná. Já havia escolhido, em sua fazenda, um lugar para construir uma capelinha para a Imagem, que na medida do possível tinha sido recuperada para poder ser exposta. Quando Érius carregou a mudança, a embalagem da imagem novamente não entrou no transporte. Houve o que pensar: O que Santa Cecília queria com sua Imagem quebrada? À noite, Érius levou a Imagem a sua avó Izarina Gaudêncio e sua tia Ecilda Gaudêncio.

 

Érius mesmo acomodou a embalagem num local que ficou bem guardado. Mais tarde a embalagem foi levada para Curitiba para tentativa de consertar.

A avó Izarina era doente, sentia muita dor e tinha uma previsão médica de alguns dias de vida. Os remédios não acalmavam as dores. Um dia, no final da Missa, Ecilda Gaudêncio olhou para a Imagem substituta e pediu: Inspira-me, para que eu possa aliviar as dores de minha mãe. No mesmo instante ouviu uma voz em seu pensamento: “Mande consertar a Imagem e mostre para ela”.

 

A imagem já estava em Curitiba, mas ainda não tinha sido levada ao conserto. Depois do “pedido de Santa Cecília”, foram tomadas providências para tal. Foi muito difícil encontrar quem trabalhasse em gesso fino para estatuária, mas a estátua foi finalmente concertada e mostrada à Dona Izarina a qual não teve mais dores e viveu ainda seis anos e seis meses. Faleceu por idade, aos 93 anos.

 

Depois de todo o processo de restauração, enfim, a Imagem voltou para seu lugar, “Santa Cecília” ali ficando, honrou a escolha de seu nome para a cidade, e parece ter deixado clara a sua preferência por este lugar. Para o povo ceciliense, o “não embarcar nos transportes” deixou entendido que era em Santa Cecília que ela queria ficar.

 

OBS: “Todos os fatos e prodígios para a restauração da Imagem, a partir da intercessão para a saúde de Izarina foram condições para que a restauração se efetuasse.”

“Também foi vontade de Santa Cecília que os familiares de Izarina devolvessem a Imagem a seu Altar de origem. Era vontade Sua.”

 

Dados sobre a Imagem quebrada foram pesquisados e relatados por Ecilda Gaudêncio, num trabalho realizado no período entre 1985 a Abril de 2004.

 

A "Igreja Velha"

 

A chamada igreja velha, foi erguida ainda no início do séc XX pelas famílias dos primeiros colonizadores de Santa Cecília, e era, de fato uma obra de arte. Segundo relatos dos moradores locais a igreja tinha sido construída em embúia serrada e beneficiada a mão, com a estrutura toda encaixada, sem a utilização de um prego sequer, com lindas pinturas em sua abóbada central fetia pela família Pires. Com o passar do tempo, porém, aquela bela igreja não mais suportou a quantidade de fiéis que o município vinha ganhando.

 Na década de 1960, o Padre Nilo (Germano) Scur abraçou a causa da construção da nova igreja, que com muito esforço foi erguida e ainda serve a comunidade ceciliense. No entanto, comprou uma briga severa com parte da comunidade que não queria a destruição da agora chamada "igreja velha". No entanto, pelas dificuldades financeiras da época não restou ao Pe. Germano outra alternativa que não fosse desmanchar a velha igrejinha que deixou saudades e marcas profundas na memória do povo ceciliense. O próprio Pe. Germano reconheceu que durante a demolição se deu conta de que aquilo era uma obra de arte e que de fato pode ter sido um erro te-la demolido. 

Projeto da Matriz, que abrigaria um Seminário                                                     Matriz construída ao lado da antiga na década de 1960

 

Os restos da igreja velha, no entanto, foram utilizados em parte da construção da nova, e, também, na construção do salão paroquial, que, na época, abrigou um cinema, e ainda a estrutura do Fórum, tendo sido decisiva a sua utilização como tal, para a instalação da Comarca de Santa Cecília/SC. Depois, aquele prédio veio a ser destruído por um incêndio em circunstâncias misteriosas.

 

Aos 6 de Maio de 1962 houve a "benção da pedra fundamental" da nova Igreja Matriz, com a presença de Dom Daniel Hostin.

Em 1969 Caçador ganha sua Diocese, da qual a Paróquia de Santa Cecília passa a fazer parte.

 

Histórico da Paróquia Santa Cecília, publicado no Jornal Fonte da Diocese de Caçador.

Pesquisa e edição: Diego R. Goetten.  Santa Cecília. Junho de 2012.

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